Muito cedo em Seu ministério terreno, o Senhor Jesus começou a preparar Seus discípulos para enfrentar a perseguição (Mateus 5.10-12). Bem no fim Ele estava fazendo o mesmo (João 15.20-21).
O apóstolo Pedro diz aos crentes para se prepararem para a perseguição, praticando a autodisciplina e concentrando-se na esperança Cristã (1 Pedro 1.13).
O sofrimento por Cristo não é apenas um serviço que prestamos a Deus, mas também um presente de Deus para nós (Filipenses 1.29). Isto pode ter muitos benefícios. Como qualquer sofrimento, ele pode nos ensinar a sermos humildes e a termos uma mente celestial. Nosso sofrimento pode dar frutos na vida dos outros.
O apóstolo Paulo entendeu seu sofrimento como intrínseco à sua missão, não impedindo-o.1 Seus sofrimentos tiveram benefícios missiológicos positivos, levando salvação e vida (2 Coríntios 1.6; 4.10-12) e ele os viu como uma extensão dos sofrimentos de Cristo (2 Coríntios 1.5; 4.10; 13.4).
O sofrimento não só purifica os indivíduos, mas também purifica a Igreja pois alguns se afastam da fé, mas aqueles que permanecem são encorajados em sua caminhada com o Senhor e crescem em amor uns pelos outros.
PREVINIDOS E PREPARADOS PARA QUE POSSAMOS PERMANECER FIRMES
Muitas vezes Deus avisa Seu povo da chegada do sofrimento, seja em mensagens públicas através dos profetas ou em mensagens individuais como Ele avisou Noé (Gênesis 6.13) e Abraão (Gênesis 18.17).
Jesus preveniu sobre a destruição de Jerusalém e seu Templo que ocorreu cerca de 40 anos depois, bem como sobre os terríveis acontecimentos do início do fim dos tempos, tais como guerras, terremotos, fome e pestilência (Lucas 19.41-44; 21.6-27; Mateus 24; Marcos 13). Antes destas catástrofes virá a perseguição de Seus seguidores (Lucas 1.12).
Jesus nos ajuda a nos prepararmos para isso, advertindo sobre falsos profetas e até falsos Messias que pregarão mensagens falsas (Mateus 24.11, 24-25; Marcos 13.22; Lucas
21.8). Alguns oferecerão uma esperança infundada e outros criarão um medo injustificado.
Jesus, entretanto, quer que sejamos realistas e resilientes. Se estivermos preparados pelas palavras de Jesus, a perseguição dolorosa não deve minar nossa fé, mas deve fortalecê-la (João 16.1, 4).
Ele nos diz para não sermos perturbados ou alarmados (Marcos 13.7; Lucas 21.9), que o tempo de angústia será abreviado (Mateus 24.22) e que “aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mateus 24.13).
Devemos observar que a promessa de sermos salvos é uma promessa sobre nossas almas, não sobre nossos corpos, pois ele também diz que alguns de nós serão perseguidos até a morte (Mateus 24.9; Lucas 21.16-19).
Mesmo que nenhuma advertência divina específica seja dada, podemos esperar calamidade se, por exemplo, virmos em nossa nação a arrogância, o materialismo, a
imoralidade, o descaso com os pobres ou outros pecados pelos quais Deus já puniu outras nações.
John Flavel, um pastor presbiteriano na Inglaterra do século XVII, sofreu perseguição, doença e luto. Ele estava convencido de que os Cristãos devem se preparar proativamente para o sofrimento, se não quiserem ser dominados quando ele chegar.
Isto coincide com as descobertas dos psicólogos modernos. “Prepare-se para uma tempestade”, escreveu Flavel, “e providencie para si mesmo uma arca, um esconderijo em Cristo e nas Suas promessas.”2
Paulo estava, evidentemente, ponderando sobre a perseguição que poderia encontrar em Jerusalém (Atos 21.13) e poderia enfrentá-la mais calmamente do que os Cristãos de Cesareia.
Nenhum de nós sabe como reagiria à perseguição severa, a menos que já a tivesse experimentado. Se formos inexperientes em ser perseguidos, devemos nos preparar para que, se formos postos à prova, nossa fé não falhe.
(Continua - Parte 2)
1 Kar Yong Lim, “A Theology of Suffering and Mission for the Asian Church”, in Timoteo D Gener and Stephen T Pardue, Asian Christian Theology: Evangelical Perspectives, Carlisle, UK, Langham Publishing, 2019, p.186.
2 John Flavel, Preparation for Sufferings, 1681. This quotation is from an edition revised by Jennifer Adams, Preparation for Suffering, Forest VA, Corner Pillar Press, 2011 p.41.
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