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John abanou a cabeça no que certamente parecia perplexidade misturada com desilusão. Como é que ele nunca tinha visto isto antes? Ele tinha crescido com as Escrituras, tendo nascido em uma família de Cristãos devotos. Ele conhecia bem a Bíblia. Ele era muito culto – tinha um doutorado em Ciência. Mas não estava preparado para o que agora estava lendo na sua Bíblia. Será que Jesus disse mesmo isso?

John foi um dos que escolheu gastar uma brilhante manhã de sábado participando deste Seminário sobre o Evangelho. A sua surpresa foi em resposta a algumas perguntas que o líder tinha colocado a este pequeno mas sincero grupo. Será que Jesus alguma vez disse: “Bem-aventurados os pobres de espírito”? Quase todos responderam imediatamente e de forma afirmativa, pois estavam familiarizados com o texto de Mateus 5:3.

A questão seguinte: Jesus alguma vez disse: “Abençoados vocês que são pobres“? recebeu uma resposta negativa, mais lenta, mas segura, de todos aqueles que se aventuraram a responder. A terceira pergunta: Jesus alguma vez disse: “Ai de vocês que são ricos“? recebeu uma resposta mais rápida, quase veemente, da maioria das pessoas do grupo: “Claro que não!”

Com prazer brincalhão, o professor pediu que abrirem as suas Bíblias em uma passagem em Lucas 6, lendo a partir do versículo 17: “Jesus desceu com eles e parou num lugar plano”. Ele explicou que o ensinamento seguinte (Lucas 6:20-49) é, às vezes, chamado de O Sermão da Planície para o colocar em paralelo com o mais conhecido O Sermão da Montanha (Mateus capítulos 5-7).

John estava agora lendo Lucas 6:20: “Bem-aventurados vocês os pobres, pois a vocês pertence o Reino de Deus.” Além disso, lia: “Mas ai de vocês, os ricos, pois já receberam sua consolação.” (6:24). E ele nunca tinha reparado nisso, nem ninguém tinha chamado a sua atenção para isso!

Então, Quem Pode Ser Salvo?

As perguntas que se seguiram imediatamente no grupo foram como as dirigidas a Jesus pelos seus discípulos, que exclamaram: “Neste caso, quem pode ser salvo” (Marcos 10:26).

Agora você pode verificar a interação de Jesus com os seus discípulos confusos e o homem rico aparentemente sincero de Marcos 10:17-31. A trágica história de um homem rico desejoso de assegurar a vida eterna para si se torna agora o impulso para Jesus dar um ensinamento desafiador aos seus discípulos. Jesus atira uma bomba: “Como é difícil para o homem rico entrar no reino de Deus!”

Os discípulos estão totalmente perplexos. Jesus repete, desta vez com ternura chamando-os, ” Filhos”, mas acrescentando à sua confusão uma brilhante hipérbole de humor camponês. O que poderia ser mais impossível do que um camelo passar pelo fundo de uma agulha? Nada! Não admira que os discípulos – quer os que estavam com Jesus naquele dia ou nós hoje – fiquem espantados!

Qual a razão disto? A perplexidade desses discípulos surgiu de uma base teológica popular que basicamente interpretou a riqueza terrena como um sinal de prazer divino e a recompensa de uma vida piedosa. Esta equação de prosperidade-piedosa poderia facilmente ser apoiada recorrendo à figuras bíblicas como os Patriarcas, Salomão, e Jó. Mas Jesus, obviamente, questionou a validade absoluta de uma visão do mundo que essencialmente dizia: “Bem-aventurados os ricos!”

Mais É Sempre Melhor?

Alguns tentaram suavizar o golpe das palavras de Jesus, sugerindo que havia um portão em Jerusalém chamado “Portão da Agulha” através do qual se conseguia empurrar um camelo, de joelhos e sem carga! O que interessa é que um homem rico pode ser salvo se se arrepender e não depositar a sua confiança na riqueza.

No entanto, nunca existiu tal portão em Jerusalém. (A primeira pessoa que sugeriu este “portão” foi um certo Theophylact no século XI!) Como se vê, Jesus estava usando uma hipérbole popular para ensinar uma verdade séria: a riqueza terrena não é a medida da espiritualidade de alguém ou de ser um beneficiário do favor de Deus.

No entanto, a leitura cuidadosa dos Evangelhos mostra que Jesus não esperava (na época ou agora) que cada discípulo abandonasse todos os bens materiais. Mas os discípulos devem ver o dinheiro e os bens de uma perspectiva radical do reino. A recompensa de seguir Jesus está em se tornar parte de uma comunidade de discípulos que graciosamente partilham uns com os outros de acordo com as suas necessidades (Marcos 10:29-31).

Não precisamos desse lembrete em um mundo que essencialmente diz “Mais é melhor”. Nas palavras de um anúncio popular, “Yeh Dil Maange More” (Este coração procura mais!). Há também uma perversão popular do evangelho que oferece bênçãos materiais crescentes como recompensa segura por servir a Deus.

 Generosidade Sacrificial

A riqueza é uma questão espinhosa – na Parábola do Semeador, os espinhos representam “as preocupações desta vida, o engano da riqueza e os anseios por outras coisas” (Marcos 4:18-19).

Então Jesus estava contra os ricos? Mais uma vez, a resposta é óbvia. Havia pessoas relativamente ricas na igreja primitiva (como Filemom e Barnabé) que teriam usado os seus recursos materiais para servir os propósitos do reino. O dinheiro não é a raiz de todo o tipo de mal – como algumas pessoas pensam de forma imprecisa. O apóstolo Paulo diz que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm 6:10).

Como podem, então, os ricos serem abençoados? Paulo nos dá uma resposta útil em 1 Tm 6:17-19: “Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham a sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação.

Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos para repartir. Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida.”

A medida Cristã de prosperidade é a generosidade sacrificial.

Sim, Jesus disse: “Abençoados os pobres.” Pense nisso! 


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