deserted and alone sermon dr patrick sookhdeo
“Então todos o abandonaram e fugiram.” (Marcos 14:50)

Uma multidão de homens armados tinha acabado de capturar Jesus. Era evidente que Ele tinha sido traído e estava em perigo de vida. Empunhando uma espada, Pedro saltou em sua defesa, apenas para que o homem ferido fosse curado no local por Jesus. O que é que os discípulos fizeram a seguir?

Derreteram. Fugiram noite adentro. Eles O deixaram sozinho na hora da Sua maior necessidade.

Eles próprios não estavam em sério perigo, pois era Jesus, o líder deles, cujas palavras tinham atraído tanta ira das autoridades. Mas eles O abandonaram e Jesus estava sozinho – sozinho e em perigo de vida.

Este ano aconteceu o mesmo a alguns dos mais corajosos seguidores de Jesus, os Cristãos do Afeganistão. Os ocidentais, coreanos, centro-asiáticos e outros missionários trouxeram discretamente o Evangelho a este país muçulmano, em que a antiga presença Cristã havia sido eliminada pela perseguição há muitos séculos atrás.

Mediante a graça de Deus, alguns Muçulmanos afegãos encontraram Jesus como seu Salvador, Senhor e Deus. Em 2003 havia cerca de 100 Cristãos afegãos, em 2021 cerca de 5.000 homens, mulheres e crianças – ou assim se crê, pois só Deus conhece o número verdadeiro.

Como convertidos do Islã, as suas vidas estavam em sério risco neste país onde a morte por apostasia fazia parte das leis (de acordo com a sharia Islâmica), embora ainda nenhuma tenha sido efetivamente executada. Nas áreas do país onde os Talibãs governavam em vez do governo Afegão, o risco era ainda maior.

Depois veio o anúncio de que os EUA iriam retirar as suas tropas, que tinham estado no país reprimindo os Talibãs e fornecendo alguma segurança e ordem em nome do governo Afegão. Foi dado um aviso de quatorze meses.

Era previsível que os Talibãs avançariam ainda mais pelo país à medida que os americanos se retirassem. Os missionários estrangeiros e os trabalhadores das ONG Cristãs prepararam-se, portanto, para partir para lugares mais seguros. Alguns queriam ficar com os Cristãos Afegãos, mas as organizações que os enviaram ordenaram que partissem.

Um líder Cristão Afegão contou-me como os Cristãos Afegãos sentiram que os missionários os tinham abandonado e fugido, os deixando sozinhos para enfrentar os Talibãs.

As Escrituras oferecem muitos lamentos de crentes solitários e em perigo de vida, esquecidos ou traídos. Davi escreveu em agonia de coração sobre os seus amigos e companheiros evitando-o, enquanto “Os que desejam matar-me preparam armadilhas” (Salmo 38:12). Outro salmista em grande aflição descreveu a si mesmo como uma coruja entre ruínas no deserto, ou um pássaro sozinho no telhado (Salmo 102:6-7).

Mas a Escritura também nos assegura que há um Amigo que “se mantém mais próximo que um irmão” (Provérbios 18:24), revelado a nós no primeiro Natal como Jesus nosso Emanuel, Deus conosco (Mateus 1:23). A Encarnação, que agora nos preparamos para celebrar, assegura-nos que Jesus, nosso Deus, nunca nos deixará nem nos abandonará.


Este Artigo foi tirado da Revista Fundo Barnabas