A acusação de quatro Cristãos convertidos do Islã sob uma lei de apostasia abolida há dois anos parece confirmar as preocupações acerca de um regresso ao Islamismo por parte do governo do Sudão.
Os quatro jovens foram acusados de apostasia do Islã sobre o Artigo 126 do Código Penal Sudanês, e podem agora enfrentar a pena de morte em conformidade com a sharia (lei Islâmica).
A lei da apostasia do Sudão foi abolida em julho de 2020 pelo governo reformador do Primeiro Ministro Abdalla Hamdok. O governo formalizou a separação da religião e do Estado dois meses mais tarde.
A República do Sudão obteve a independência do domínio conjunto Britânico e Egípcio em 1956, desde então, o país adotou uma combinação da sharia e do direito comum Inglês. Em 1983, o então governante do Sudão, Coronel Jaafar Nimeiri, impôs a lei sharia por completo, declarando o Sudão como sendo um estado Islâmico.
Sob o Presidente Omar al-Bashir (que governou o Sudão de 1989 até 2019), a sharia foi duramente aplicada, e a maioria dso Cristãos (estimados em 3% da população) sofreu uma perseguição feroz. Um Ato Criminal Penal aprovado em 1991 tornou a conversão do Islã a outra religião oficialmente punível com a morte.
O Sudão é um dos poucos países nos tempos modernos onde a pena de morte por apostasia tem sido executada. Em 1985, um teólogo Islâmico, Mahmoud Mohammad Taha, foi condenado por apostasia por incitar a uma interpretação mais liberal da sharia – foi condenado após um julgamento de duas horas e enforcado menos de duas semanas mais tarde. Em 1994, dois Cristãos de um grupo tribal que tinham se convertido do Islã no início dos anos 70 foram executados por crucificação.
As reformas introduzidas pelo governo de transição após al-Bashir ter sido expulso do poder em Abril de 2019 suscitaram esperanças de que o Sudão estava caminhando para, nas palavras de um líder da igreja Sudanesa, uma “nova era”.
Os grupos Islamistas, contudo, responderam com apelos para que o novo governo fosse derrubado, descrevendo as reformas como uma “guerra contra as virtudes”. O novo governo foi afastado do poder num novo golpe militar, em outubro de 2021.
Agora parece que as reformas que tinham melhorado a vida dos Cristãos – e especialmente dos crentes de origem Muçulmana – estão sendo revertidas.
Devemos orar para que os nossos irmãos e irmãs Sudaneses permaneçam firmes na sua fé, caso a perseguição cresça e o sofrimento aumente.
Devemos também lembrar que as nossas circunstâncias aqui mudam, para melhor e para pior. Os ganhos aparentes podem ser rapidamente revertidos, e as esperanças terrestres rapidamente desfeitas. Mas o nosso Senhor é imutável – Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre, e ninguém nos pode arrancar da Sua mão (Hebreus 13.8; João 10.28).