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Fatores sociopolíticos e religiosos têm complicado a vida até mesmo dos crentes comuns que vivem em áreas rurais. Na África, muitos crentes enfrentam o peso de uma intensa perseguição. Em alguns países da Ásia, os Cristãos sofrem pobreza e opressão extremas. 

Perseguição no livro de Atos

O livro de Atos é um dos meus livros favoritos na Bíblia e que medito frequentemente. O cenário era semelhante para a pequena faixa da crescente comunidade Cristã do primeiro século d.C. Os “seguidores do caminho” que viviam com medo e escondidos até que o Espírito Santo veio sobre eles (Atos 2), logo se tornaram objetos de ciúmes, ódio e perseguição violenta (Atos 4, 5) – sendo o clímax os assassinatos de Estêvão e Tiago em Jerusalém (Atos 7, 12). As viagens missionárias de Barnabé, Paulo e Silas foram marcadas pela hostilidade, apedrejamento e espancamentos – que terminaram com a prisão de Paulo (Atos 13-19, 21-28).            

A Resiliência da Igreja Primitiva

No entanto, a igreja cresceu e se multiplicou – de Jerusalém para Samaria e Judéia, e depois para a Etiópia e toda a Ásia Menor. Atos 2, 4, 13, e 14 retratam claramente a vida espiritual e comunitária de alta qualidade dos primeiros Cristãos. Eles continuaram a testemunhar por Cristo – mesmo quando foram dispersos (Atos 8), enquanto o mundo se maravilhava com o caráter deles, chamando-os de ” Cristãos ” (Atos 11).

Lições para nós hoje

Como isso foi possível? Como a igreja primitiva poderia mostrar tanta resiliência em meio a seus crescentes desafios? Esta pergunta nos ajudará a aprofundar no Livro de Atos, pois buscamos diretrizes Bíblicas para construir resiliência nas nossas igrejas de hoje. 

  1. Orando Juntos. O Senhor os disse para esperar alguns dias (1.5) – mas eles começaram a orar juntos enquanto esperavam (v.10-12) – e isso se tornou um hábito da igreja primitiva (2.1; 3.1; 4.24; 6.4; 12.12; 13.2). Assim como um bando de formigas se agarrando umas às outras para sobreviverem juntas, estes primeiros Cristãos continuaram este estilo de vida o tempo todo. A chegada do Espírito Santo não os impediu, mas apenas os capacitou a orar “em Espírito”’!

2. Permanecendo Juntos. A Igreja Primitiva não vivia em uma “comuna”. Entretanto, suas orações grupais sustentavam e fortaleciam sua comunhão. Eles foram transformados em uma comunidade solidária – na qual compartilharam seus pertences uns com os outros para que a ninguém faltasse nada (2.44,45; 4.32-37). A nova igreja em Antioquia enviou ajuda aos crentes de Jerusalém (11.28-30). O apoio foi mútuo e espontâneo – como um só corpo de Cristo.

3. Testemunhando Juntos. As hostilidades crescentes não impediram a igreja de testemunhar. Pedro e os Apóstolos ficaram juntos (2.14) enquanto testemunhavam a curiosa e potencialmente hostil multidão de Jerusalém – e eles nunca olharam para trás! Logo todos os Cristãos começaram a testemunhar (4.31) e mesmo aqueles que estavam dispersos levaram o Evangelho para novos territórios (8.4, 5; 11.19, 20). Toda a igreja testemunhou por Cristo, não obstante as perseguições!

4. Alegrando-se Juntos. As igrejas primitivas tinham uma espiritualidade dinâmica! Era possível devido à presença ativa de Deus que era experimentada e praticada através de tempos regulares de oração, dons e frutos do Espírito Santo, sinais e maravilhas sobrenaturais, assim como adoração e testemunho (2.42-47; 13.1-3). Era uma comunidade alegre, e o próprio Senhor trouxe novas pessoas ao seu rebanho. Paulo e Silas podiam cantar de dentro da prisão (16.25). Era tão espontâneo – e poderoso! (v.26.30). A conexão Divina era tão evidente!

5. Liderando Juntos. Havia uma cultura de desenvolvimento contínuo da liderança. Quando vocês fazem as coisas juntos, é possível! A partir de Matias (1:21-26), encontrar novos líderes não era um problema, porque a estrutura simples das primeiras igrejas produzia e alimentava novos líderes (Atos 6.3-6; 9.10, 22; 13.1; 16; 18.26). Devido às prioridades focadas dos líderes seniores, havia necessidade e escopo para os líderes emergentes. As mortes de Tiago e Estêvão, ou a dispersão dos crentes, não impediram ninguém, pois os líderes seguintes como Barnabé e Filipe assumiram papéis de liderança no culto (ministério da igreja) e no testemunho (missão) – como muitos discípulos sem nome (11.19,20). A primeira jornada missionária é um exemplo do modelo de desenvolvimento de liderança prevalecente nessas igrejas primitivas (13.1, 2; 14.21-23). Não foi um exército de um só homem, pois o Senhor levantou líderes para diferentes segmentos – e os usou efetivamente.

As igrejas no Sul Global devem tornar-se resilientes. Elas devem crescer em comunhão – e isto é certamente possível se orarem, compartilharem e testemunharem juntas, e experimentarem e demonstrarem a presença de Deus. Além disso, precisamos de líderes de igrejas em vários níveis para pastorear seu precioso rebanho. Vamos olhar para o Grande Pastor em busca de graça!

Photo by Marlis Trio Akbar on Unsplash