“Portanto, já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor, pois o nosso “Deus é fogo consumidor!” Hebreus 12.28-29
O ser humano é, por natureza, um adorador, e quem determina seu presente e futuro é aquele que está no trono diante do qual se prostra. Se ele serve a Deus, mesmo que seja sincero em sua devoção, é necessário que sirva da maneira como Deus estabelece, caso contrário, ela não terá valor algum.
Indiscutivelmente, Deus é digno de toda adoração e louvor, mas será que a maneira como temos servido é por Ele aceita? Veremos nas Escrituras que, assim como Deus responde as orações segundo seus critérios (mãos santas, sem ira e sem animosidade – 1Tm 2.8), também estabelece alguns princípios para que uma pessoa e sua oferta sejam aceitáveis diante dEle.
É comum, em algum momento da vida, uma pessoa questionar sobre a razão e o propósito de sua existência. É a busca pelo sentido de seu próprio ser, da sua alma que inutilmente busca respostas em seu intelecto, em sua vontade ou em suas emoções.
Quando o apóstolo Paulo escreveu aos Cristãos que estavam em Roma, disse que, embora o ser humano veja a criação e considere haver um poder criador do universo, não o trata como Deus ao recusar adorá-lo. Esse é um estado de insensatez e confusão, que leva a vida humana a perder o sentido (Rm 1.21-23). O grande problema do homem é ele mesmo.
A idolatria consiste em confiar e entregar-se a qualquer coisa ou pessoa que não seja o único Deus verdadeiro. Quando uma pessoa deposita sua crença em algo ou alguém desse mundo caído, a consequência será desmoronar com ele.
A questão abordada no Breve Catecismo de Westminster evidencia a grande incógnita do ser humano e declara a resposta bíblica sobre o propósito maior da existência humana: “O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre”. (Rm 11.36; 1Co 10.31; Sl 73.25-26; Is 43.7; Rm 14.7-8).
O que é adorar a Deus de modo aceitável ou agradável? Muitos pensam que a adoração se resume ao culto dominical. (Is 1.3-11). Davi, no Salmo 15, faz a pergunta e a responde em seguida: Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte? (Salmo 15.1) O tabernáculo era o centro da adoração do povo de Israel no deserto, o que posteriormente veio a ser o Templo: o lugar da habitação e da revelação de Deus, o antítipo da comunhão entre Deus e seu povo por meio de Jesus Cristo.
A resposta de Davi no Salmo expõe os critérios de Deus para que o adorador e sua adoração sejam aceitos: Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade e não usa a língua para difamar, que nenhum mal faz ao seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo, que rejeita quem merece desprezo, mas honra os que temem ao Senhor, que mantém a sua palavra, mesmo quando sai prejudicado, que não empresta o seu dinheiro visando lucro nem aceita suborno contra o inocente. Quem assim procede nunca será abalado! (Salmo 15.2-5)
Aquele que é identificado aqui como íntegro é objetivamente uma nova criatura em Cristo, que manifesta em sua vida o fruto do Espírito Santo. Não estamos falando de perfeição, mas de uma nova natureza, recebida de Deus por meio de Cristo.
No monte Sinai (Ex 19.12,13), até um animal que se aproximasse seria apedrejado. No Santo dos santos do Templo, só poderia entrar o sumo sacerdote, sozinho, uma vez por ano, não sem sangue, oferecendo por si e pelos pecados do povo (Hb 9.7). Mas Jesus Cristo, sendo o Mediador da Nova Aliança, inaugurou o Reino inabalável, do qual faz parte todo aquele que foi tornado filho de Deus.
O autor de Hebreus lembra que agora o caminho a Deus está liberado e que pela fé podemos nos achegar sem medo para adorar com verdadeiro coração: Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa. (Hebreus 10.19-22 ARC)
A adoração aceitável diante de Deus parte de um ponto fundamental: ser uma pessoa nascida de novo em Cristo que cultiva um relacionamento íntimo com Deus, que estava morta espiritualmente, mas agora vive. Não se trata de aparência exterior, de sensações e experiências emocionais, mas de vida espiritual, em santidade para com Deus, fundamentada em plena certeza de fé, pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11.6)
Adorar a Deus de modo aceitável não está baseado em padrões e práticas religiosas nem em boas ações meritórias, mas no fato de que, ao ser tirado do império das trevas e colocado no Reino de Deus, podemos agora servi-lo de modo agradável por meio de Cristo (Hebreus 13.15-16).