Últimas semanas de dezembro, chegamos ao fim do Advento já vivendo com intensidade o Natal.* Em nossa cultura, o período do ano no qual celebramos a vinda de nosso Salvador ao mundo é marcado pelas festas de família. Para muitos, essa é a única oportunidade para rever parentes que moram longe, e, por isso, a alegria é, geralmente, incontível. E com todo entusiasmo que paira sobre o ambiente dos lares cristãos, junto vêm as piadas de toda sorte: as engraçadas, as engraçadinhas, as totalmente sem graça, as que nem percebemos que foram piadas, e até as inconvenientes que é bem melhor simplesmente ignorar. Também vêm aquelas que ouvimos todos os anos em todas festas de família, tais como: “esconde, é a polícia”, “não come tudo, deixa um pouco pra nós”, bem como a famosa e simbólica piada que já virou quase um adjetivo para identificar o tiozão que embala essas brincadeiras típicas de Natal: “é pavê ou é p`á comê?”.
Não que se queira estimular a falsidade ou o fingimento durante as festas de fim de ano, mas se há um conselho que pode ser dado para essa temporada, é este: ria com o tio do “pavê ou é p`á comê”. Como diz o título do livro de John Piper, “Irmãos, nós não somos profissionais”. Esperar piadas profissionais de stand up comedy para se alegrar com a família no fim de ano é pedir demais. A não ser que você realmente seja de uma família de comediantes, a probabilidade é que as brincadeiras nessas reuniões sejam as mesmas de todos os anos, e que não provocariam risadas em nenhum outro tipo de ambiente ou ocasião. Em que pese não podermos comparar esta situação com aquela para a qual Piper alerta em seu livro, de que a excessiva busca por profissionalismo entre os pastores pode acabar matando suas vocações proféticas, podemos sim tirar o mesmo princípio de que não se alegrar com as anedotas dos tios do “pavê ou é p’á comê” pode acabar matando a simplicidade do riso genuíno que faz parte da vida cristã.
A alegria é uma marca da nossa fé, e você não irá encontrar outra religião em que o alegrar-se seja um convite e um encorajamento constante. Neemias 8.10 diz que “a alegria do Senhor é a vossa força”; em Salmos 67.4 encontramos o convite às nações: “Alegrem-se e exultem as gentes”; em João 15.11, Jesus afirma: “Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo”; em Filipenses 4.4, Paulo reforça: “Alegrai-vos sempre no Senhor, outra vez vos digo, alegrai-vos”. E em Lucas 2.10-11, os anjos, ressaltando o júbilo que envolve o acontecimento, anunciam aos pastores assustados com a visão celestial a chegada de Jesus, o Salvador:
“Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”.
Independentemente de onde lemos na Bíblia sobre esse tema, a alegria só é possível por causa de Jesus. O Natal em si é o motivo de grande júbilo, pois a Bíblia toda aponta para sua vinda! Portanto, o convite e a ordem para celebrar o nascimento de Cristo é alegrar-se, e não importa se as piadas de fim de ano em família são boas, fracas ou repetidas. Neste Natal, alegre se na simplicidade e ria com o tio do “pavê… ou é p’á comê?”.
* Texto originalmente publicado no site do Voltemos ao Evangelho: “Neste Natal, alegre-se com o tio do pavê (ou é p’á comê?) (voltemosaoevangelho.com). Disponível em: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2021/12/neste-natal-alegre-se-com-o-tio-do-pave-ou-e-pa-come/
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