O Barnabas Today Brasil inaugurou uma série de publicações que nos ensina a ter a Bíblia como companheira de oração. Apresentaremos todas as semanas um texto devocional baseado em uma passagem bíblica. Ao fim de cada reflexão, reproduziremos o trecho para você praticar a orar com as Escrituras, para fins de edificação pessoal. Durante as próximas postagens, vamos explorar os quinze Cânticos de Romagem, que vão de Salmos 120 até Salmos 134.
Salmos 120 – Ansiando Pela Cidade da Paz
“Eu sou pela paz; mas quando falo, eles são pela guerra.”
Os salmos não podem ser apenas lidos para fins doutrinários, pois além de nos ensinar, têm também o objetivo de nos tocar por dentro e nos mover. Eles são como guias de nossas emoções. João Calvino disse que os Salmos são “uma anatomia de todas as partes da alma”. Através deles você lida com as alegrias, tristezas, ansiedade, esperança, arrependimento e amor. Tudo que você pode vir a sentir na alma, os Salmos descrevem de maneira poética. Na história da Igreja, têm sido usados para oração devocional, para canções de louvor, e para inspirar vários sermões.
Os Cânticos de Romagem são assim chamados porque eram os Salmos que os israelitas cantavam em sua peregrinação para Jerusalém durante as três festas anuais: Pentecostes, Festival dos Tabernáculos e Páscoa. Eles formam a playlist do povo de Deus em seu caminho para a cidade santa de Jerusalém, a cidade da Paz. São também conhecidos como Salmos de Degraus porque Jerusalém fica no monte, sendo necessário subir para chegar à cidade que era o destino final dos viajantes, ou, então, os degraus pode fazer referência à subida do Templo.
O Salmo 120 é o primeiro desses cânticos, e nos dá a perspectiva de alguém que está desejando começar uma jornada a fim de se distanciar do local de onde está, onde a guerra impera, e ansiando em ir para onde poderá encontrar a paz. O salmista começa dizendo que em meio à sua angústia, ele clama a Deus. E logo a seguir, explica o motivo de sua aflição: ele vive no meio de um povo de lábios mentirosos. Ele reafirma sua confiança no Senhor, sabendo que a língua enganadora será castigada com flechas afiadas do guerreiro. Aqui pode se referir tanto às consequências naturais de uma língua maldosa, que é afiada e acaba provocando ferimentos a própria pessoa que a defere, ou à vingança de Deus, que atingirá ao mentiroso e o ferirá como se fosse com uma lança. Essas flechas que penetrarão o enganador o alcançarão com brasas de zimbro, um tipo de madeira conhecido por alcançar temperaturas muito altas quando queimadas. Tiago 3.6 diz que “a língua é fogo”, e “não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno”. Trata-se de uma cena forte, mas é consolo para quem sofre as consequências da língua enganadora, de que esta também sofrerá pelo seu próprio mal.
Ao fim, o salmista lamenta viver como estrangeiro entre pessoas que não pertencem ao povo de Deus, e reconhece que essas pessoas só se interessam pela guerra, ainda que ele insista na paz. Isso pode soar desencorajador, mas deve ser lido na perspectiva do primeiro versículo: de que em sua angústia o salmista clamou ao Senhor, e ele tem convicção de que foi ouvido.
Leia uma vez o Salmo 120 (abaixo). Medite no texto. Faça uma releitura pausada, usando cada versículo para orar pedindo a Deus que em meio às angústias geradas por ambientes de impiedade, o seu coração seja consolado na esperança depositada no Senhor e com a certeza de que Ele ouve as suas orações. Para encerrar seu tempo de oração, coloque suas próprias petições pessoais, ansiedades ou aflições, seus agradecimentos e louvores diante de nosso Deus e Pai, direcionando seu coração para o nosso destino final, a Nova Jerusalém, a cidade onde reina a paz eternamente.
Salmos 120
1 Na minha angústia, clamo ao Senhor , e ele me ouve.
2 Senhor , livra-me dos lábios mentirosos, da língua enganadora.
3 Que te será dado ou que te será acrescentado, ó língua enganadora?
4 Setas agudas do valente e brasas vivas de zimbro.
5 Ai de mim, que peregrino em Meseque e habito nas tendas de Quedar.
6 Já há tempo demais que habito com os que odeiam a paz.
7 Sou pela paz; quando, porém, eu falo, eles teimam pela guerra.[i]
[i] Almeida Revista e Atualizada
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