O Barnabas Today Brasil inaugurou uma série de textos devocionais a fim de encorajar nossos leitores a orar com o auxílio das Escrituras. Estamos refletindo nos quinze Cânticos de Romagem, dos Salmos 120 até Salmos 134.
Salmos 131 – Alma sossegada como criança desmamada
“Como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo.”
Ninguém melhor que uma mãe para entender a analogia de uma criança acalmada pelo alimento materno, segura e descansando em seus braços. Essa analogia do salmista remete ao estado de nossa alma quando colocamos nossa esperança em Deus. Também nos alerta sobre como podemos ficar inquietos por causa de nossas próprias fantasias e manias de grandeza. Procurar coisas grandes e muito maravilhosas nos faz altivos e ansiosos. Por outro lado, esperar em Deus nos concede a paz tal qual de uma criança satisfeita pelo sustento, cuidado e carinho de sua mãe.
Spurgeon, pregador batista do século XIX, conhecido como o príncipe dos pregadores, disse certa vez que o Salmo 131 “é um dos mais rápidos salmos para se ler, mas um dos mais demorados para se aprender”. E por que isso acontece? Porque este é o salmo da humildade. E como somos lentos para aprender a humildade. Este cântico é uma oração que nos confronta com a mais profunda luta de nossa alma, qual seja, a luta contra nosso próprio ego. Essas três áreas são expressas nesse salmo na luta contra orgulho: o coração, os olhos e nossas ações. Assim, este salmo nos desafia a um auto-exame sobre os reais motivos de nosso coração, sobre aquilo que temos focado nosso olhar, e sobre como temos andado ou agido. Você pode dizer, assim como o salmista, que o seu coração não é soberbo, e que seu olhar não é altivo? De fato, você não está à procura de coisas grandes e maravilhosas, além de seu alcance?
Pense quanta inquietação trazemos sobre nós mesmos quando pretendemos ser mais do que somos. Pense também em quanta frustração você já passou em sua vida por querer alcançar objetivos difíceis que se provaram inúteis, seja porque ao fim não preencheu o seu vazio ao atingi-los, ou seja porque sem conseguir chegar até eles, acabou percebendo que realmente não eram importantes, pois nunca precisou deles para ser feliz.
Agora preste atenção nas palavras do salmista: “pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma”. Veja como aqui estão sendo postas claramente duas alternativas diante do leitor. A primeira opção é andar altivo, soberbo e ocupado; a segunda é fazer sossegar a alma. De fato, não há como negar que o maior inimigo de nossa paz é a procura por coisas que satisfazem o nosso ego.
Portanto, a melhor opção é e sempre será esperar no Senhor. Esse é um convite colocado diante do povo de Deus. É ele que nos alimenta, nos dá colo, alimento e faz transbordar nossa alma em paz e sossego. Esse é o remédio para combater a tendência de grandeza e a ansiedade de nossa alma: descansar e esperar em Deus.
Leia e releia o Salmo 131 em espírito de oração. Sonde seu coração e suas verdadeiras intenções. Peça perdão para Deus pelas vezes que andou em orgulho e de olhar altivo. Peça que o Senhor te faça aprender a viver em humildade com a mesma rapidez que você pode ler esse curto Salmo.
Salmos 131
Cântico de Romagem.
- Senhor , não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim.
- Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo.
- Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre.[i]
[i] Almeida Revista e Atualizada
Foto de Helena Jankovičová Kováčová no Pexels