12.1

São várias as virtudes humanas que o Cristão deve desenvolver nesta vida. Entre elas, sem dúvida, uma que jamais deveríamos deixar de falar é a busca pela sabedoria. Chama-nos a atenção neste texto de Provérbios que se trata de algo tão importante e tão urgente, ao ponto de a própria Sabedoria, personificada e com letra maiúscula, clamar para que seja ouvida. A Sabedoria é ativa em busca de nosso encontro.

O seu clamor se faz ouvir nas alturas, ao caminho, nas encruzilhadas, junto às portas, à entrada da cidade. Se tentarmos imaginar a cena, parece uma pessoa desesperada gritando, correndo pela cidade e batendo de porta para que seja, de fato, ouvida pelos homens. A cena descrita lembra-nos, até mesmo, o profeta Jonas correndo a distância de três dias em Nínive alertando a população daquela cidade: “Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida”.

O oposto de sabedoria é a tolice. Todos nós em nossa maneira de agir, pensar, falar e tomar decisões somos sábios ou tolos. Por isso, a sua urgência em ser ouvida, pois a todo instante necessitamos dela. Se não formos sábios em cada um nossos passos, revelaremo-nos como tolos.

A Sabedoria chama aos simples, para que tenham prudência, e aos néscios para que entendam. Ela fala de coisas retas, proclama a verdade e abomina a impiedade. Em sua boca, diz Provérbios, só se encontram coisas excelentes. O seu ensino é mais valioso que prata, e o seu conhecimento mais do que ouro. A sabedoria é melhor que joias, e nada que se pode comprar com dinheiro se compara a ela.

O autor do livro de Provérbios, certa vez, recebeu a oportunidade de pedir a Deus qualquer coisa que seu coração desejasse. O Rei Salomão pediu por sabedoria, e a resposta de Deus foi esta:

Porquanto foi este o desejo do teu coração, e não pediste riquezas, bens ou honras, nem a morte dos que te aborrecem, nem tampouco pediste longevidade, mas sabedoria e conhecimento, para poderes julgar a meu povo, sobre o qual te constituí rei, sabedoria e conhecimento são dados a ti, e te darei riquezas, bens e honras, quais não teve nenhum rei antes de ti, e depois de ti não haverá teu igual.”

 2 Crônicas 1.11-12

Não se está, portanto, dizendo que o ouro e a prata são ruins. O ponto é que a sabedoria é melhor que riquezas, pois é ela que as produz. Provérbios 13.11 nos alerta: “Os bens que facilmente se ganham, esses diminuem”, ou como diz na versão Linguagem de Hoje, “a riqueza que é fácil de ganhar é fácil de perder”.

É importante também entender por que o autor personifica a Sabedoria. Fica evidente que sabedoria não é uma lista de leis e regras a seguir, mas sim uma virtude com a qual se deve trilhar o caminho. A maioria das decisões que temos que tomar diariamente não tem uma regra específica que nos ajude a pensar de maneira específica. Mas são os princípios que nos guiam a vida, e os fundamentos sobre as quais a construímos que nos ajudarão a tomar o rumo correto e nos guardar em tempos difíceis.

Jesus ensinou, na conclusão do Sermão do Monte, que aquele “que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente [sábio] que edificou a sua casa sobre a rocha;  e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha”. (Mateus 7.24-25)

Leia Provérbios 8, versos de 1 a 11. Reflita na clamor da sabedoria. Medite em como você pode ouvir o seu chamado no dia a dia. Pense nos benefícios de ouvir esse chamado, e peça para o Senhor lhe dar a sabedoria que irá guiar cada dia de sua vida, passar por tempestades, construir e manter riquezas, e acima de tudo, a honrar a Jesus, que é a nossa fonte eterna de sabedoria.

Provérbios 8

¹ Não clama, porventura, a Sabedoria, e o Entendimento não faz ouvir a sua voz?

² No cimo das alturas, junto ao caminho, nas encruzilhadas das veredas ela se coloca;

³ junto às portas, à entrada da cidade, à entrada das portas está gritando:

⁴ A vós outros, ó homens, clamo; e a minha voz se dirige aos filhos dos homens.

⁵ Entendei, ó simples, a prudência; e vós, néscios, entendei a sabedoria.

⁶ Ouvi, pois falarei coisas excelentes; os meus lábios proferirão coisas retas.

⁷ Porque a minha boca proclamará a verdade; os meus lábios abominam a impiedade.

⁸ São justas todas as palavras da minha boca; não há nelas nenhuma coisa torta, nem perversa.

⁹ Todas são retas para quem as entende e justas, para os que acham o conhecimento.

¹⁰ Aceitai o meu ensino, e não a prata, e o conhecimento, antes do que o ouro escolhido.

¹¹ Porque melhor é a sabedoria do que joias, e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com ela.*


Foto de James Wheeler no Pexels

* Versão ARA – Almeida Revista e Atualizada

Warton Hertz is the Partnership Coordinator of Barnabas Aid Brazil. He graduated from UniRitter Law School, also from Martin Bucer Theological Seminary, and a Master of Theology and Ethics from EST – Superior School of Theology.