12.7.2
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Quantas vezes somos tentados a fugir de nossos problemas ao invés de enfrentá-los. O salmista também estava se sentindo assim quando escreveu esses versos sugerindo à sua própria alma: “Foge como pássaro, para o teu monte”. O contraste está justamente que essa ideia é colocada como um questionamento. “No Senhor me refugio. Como dizeis, pois, à minha alma: Foge, como pássaro, para o teu monte?. Há um conflito interno: o desejo de fuga não está alinhado com sua suposta confiança em Deus. Se o salmista confia no Senhor, não terá razão para pensar em fugir.

É bom lembrarmos que ignorar um problema, agir como se ele não existisse, omitindo-se de enfrentá-lo e não tentar resolvê-lo, também é um tipo de fuga. Podemos pecar por ação ou omissão. Assim, no verso 3, Davi vai ainda mais longe, expondo o resultado de uma fuga covarde. O justo ficará sem ação por conta da prevalência do ímpio, que destrói os retos fundamentos.

Na segunda parte desse salmo, a partir do verso 4, porém, Davi relembra quem é o Senhor, esse Deus em quem ele pode se refugiar. Davi destaca como Deus age para com os homens conforme o caráter e natureza de cada um: “os seus olhos estão atentos, e suas pálpebras sondam os filhos dos homens”. O Senhor põe todos à prova, declarando o quanto abomina aqueles que praticam violência. Sobre os perversos Deus fará chover brasa de fogo e enxofre, e vento abrasador será seu cálice, diz o salmista.

O cálice na Bíblia carrega um simbolismo de julgamento. Apocalipse 14.10 diz que os adoradores da besta beberão também “do vinho da ira de Deus, que se acha preparado sem mistura, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro”.

Essa linguagem pode ser chocante para os ouvidos sensíveis dos dias de hoje, que negam o juízo de Deus e a sua ira sobre o mal e sobre os que praticam violência. Contudo, o próprio Cristo falou muito do inferno e do grande sofrimento para os que lá são lançados: “Pois, assim como o joio é colhido e lançado ao fogo, assim será na consumação do século, mandará o Filho do Homem os seus anjos, que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes”.  Jesus conclui com um alerta:  “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”- Mateus 13.40-43.

O último verso de Salmos 11, finalmente, explica por que Deus irá punir o ímpio: “Porque o Senhor é justo, ele ama a justiça”. Deus é criador, e toda a criação funciona conforme Ele determinou. Ao homem ele deu uma lei, que nada mais é do que o reflexo de Seu caráter puro e santo. O profeta Habacuque (1.3) assim diz: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar”. Desse modo, por ser tão puro e santo é que Deus não pode deixar o mal prevalecer, devendo julgá-lo. A justiça é um atributo de Deus, e seria uma recompensa ao homem iníquo e violento se o mal não fosse por Ele punido.

Imagine que você fosse assaltado e espancado por criminosos, e que a polícia conseguisse capturar os agressores e ladrões que te roubaram, levando-os à presença de um juiz. O que você espera de um bom e justo juiz? Certamente, você deseja a punição dos bandidos, e caso esses fossem soltos para continuar livres em suas maldades, você pensaria que aquele juiz é uma pessoa má, que não ama a justiça. Por isso, o exercício da punição da parte de Deus contra o iníquo não o torna mal ou vingativo. Deus não é mau porque pune o mal.  Ao contrário, ele pune o mal porque é bom, justo e ama a justiça. Assim ele julga: recompensando o bem e punindo o mal.

Ao fim do Salmo, Davi diz que “os retos lhe contemplarão a face”. Isso quer dizer que os bons serão admitidos em sua presença. Aqueles que têm uma vida íntegra, estarão eternamente na companhia de Deus.

Voltando ao versículo 1, aqui está o motivo de o salmista não precisar fugir como pássaro para o monte: a sua alma pode continuar se refugiando no Senhor, porque Deus é justo e vai confrontar o ímpio conforme a maldade que este pratica. Em outro Salmo (34.8), Davi declara: “Provai, e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele confia”. 

Leia o Salmo 11. Reflita sobre tempos em que você se sentiu oprimido pela maldade de outras pessoas em sua vida. Você confiou na sua própria força, tentou se esconder em omissão, tentou fugir, ou confiou no Senhor? Saiba que Deus irá confrontar aqueles que não se arrependem de suas maldades. Nisso você pode descansar para continuar agindo da maneira correta, pois Deus em Seu santo templo, está nos céus em Seu trono a contemplar a todos e a exercer justiça. Isso é um consolo para os que nEle confiam.

‘Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele.” 2 Crônicas 16.9

Salmos 4

Ao mestre de canto. Salmo de Davi.

1 No Senhor me refugio. Como dizeis, pois, à minha alma:  Foge, como pássaro, para o teu monte?

2 Porque eis aí os ímpios, armam o arco, dispõem a sua flecha na corda, para, às ocultas, dispararem contra os retos de coração.

3 Ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?

4 O Senhor está no seu santo templo; nos céus tem o Senhor seu trono; os seus olhos estão atentos, as suas pálpebras sondam os filhos dos homens.

5 O Senhor põe à prova ao justo e ao ímpio; mas, ao que ama a violência, a sua alma o abomina.

6 Fará chover sobre os perversos brasas de fogo e enxofre, e vento abrasador será a parte do seu cálice.

7 Porque o Senhor é justo, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a face.

* Versão ARA – Almeida Revista e Atualizada

Warton Hertz is the Partnership Coordinator of Barnabas Aid Brazil. He graduated from UniRitter Law School, also from Martin Bucer Theological Seminary, and a Master of Theology and Ethics from EST – Superior School of Theology.