Os membros de uma igreja decidiram se reunir para orar. Clamavam a Deus que enviasse chuva, pois havia grande necessidade, uma vez que uma prolongada seca assolava a região.
No dia da reunião, entre todos os presentes, apenas uma menina de 12 anos trouxe um guarda-chuva consigo. Alguns sorriram quando viram a cena, mas um sábio presbítero interpelou o grupo, questionando: “Se estamos aqui para pedir a Deus por chuva, por que não seguimos o exemplo dela?”
É comum sermos crentes na oração, mas demonstrarmos incredulidade diante das respostas. Será que temos a mesma fé dessa garota? Pedimos chuva em nossas orações, mas estamos dispostos a carregar nossos guarda-chuvas enquanto aguardamos a resposta?
A Sagrada Escritura nos exorta a perseverar na oração, conforme registrado em Colossenses 4.2: “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças.” A Bíblia ainda registra: “regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes” (Romanos 12.12).
Em períodos de necessidade, somos instruídos a clamar a Deus, conforme expresso no Salmo 61.1: “Ouve, ó Deus, a minha súplica; atende à minha oração.” Essa convocação à oração em momentos de necessidade é fundamental na caminhada Cristã, uma verdade destacada pelo renomado reformador João Calvino. Para ele, a oração é considerada “o principal exercício da fé”, tornando-se um meio vital pelo qual diariamente recebemos os inúmeros benefícios que Deus generosamente concede àqueles que buscam Sua presença.
Segundo Calvino, a oração é uma prática que fortalece a fé e estabelece uma conexão profunda entre o crente e o Criador. Nesse contexto, a oração não é apenas um ato de pedir, mas também um momento de comunhão e confiança, onde nos rendemos à soberania e à vontade de Deus.
Deste modo, ao incorporarmos a oração em nossa vida diária, seguimos o exemplo daqueles que reconhecem sua dependência de Deus e buscam Sua orientação constante. A prática da oração, na visão de Calvino, não é apenas um ritual, mas uma experiência transformadora que nos permite experimentar diariamente a graça, a misericórdia e a sabedoria divinas. Em tempos de materialismo e incredulidade, como os nossos, a oração emerge como um ancoradouro espiritual, fortalecendo nossa fé e estabelecendo uma relação contínua com o Deus que ouve e atende às súplicas de Seus filhos.
Entretanto, temos que nos lembrar que o pecado é um obstáculo evidente em nossas orações, conforme nos instrui a Escritura. Ela nos ensina que “o Senhor está longe dos perversos, mas atende à oração dos justos” (Provérbios 15.29). Além disso, encontramos outra passagem crucial que ressalta como nossas ações podem afetar nossa comunicação com Deus: “Maridos, do mesmo modo, vivam com sabedoria com suas esposas, tratando-as com honra como parte mais frágil e como herdeiras convosco da graça da vida, para que as vossas orações não sejam impedidas” (1 Pedro 3.7).
Esses versículos ressaltam a ligação íntima entre nossos comportamentos e a eficácia de nossas orações. A Palavra nos adverte que a prática do pecado, a falta de consideração e o tratamento inadequado para com os outros, especialmente dentro dos relacionamentos, podem interromper nossa conexão com Deus. A Palavra de Deus direciona a atenção para a maneira como tratamos nossos cônjuges, destacando que isso pode influenciar diretamente a eficácia de nossas petições a Deus.
Assim, esses versículos nos recordam que não apenas nossas palavras em oração são significativas, mas também nossas ações diárias e o tratamento que dispensamos aos outros têm um impacto profundo em nossa comunhão com o Senhor. Buscar a justiça, viver em harmonia e tratar os outros com amor e dignidade são aspectos vitais para manter uma conexão íntegra e eficaz com Deus por meio da oração.
À luz das instruções bíblicas e dos ensinamentos de João Calvino, somos encorajados a aprofundar nossa vida de oração, mantendo uma postura reverente, expressando necessidades sinceras, cultivando um espírito humilde e contrito, e sustentando uma fé confiante naquele que é digno de toda adoração.