Jesus faz mais duas declarações: primeiro, Ele diz que veio para cumprir a Lei do Antigo Testamento; segundo, que a justiça dos Seus seguidores deve ultrapassar a das pessoas mais religiosas daquela época.

Tenha um Bom Coração

No restante do capítulo 5, do versículo 21 até ao fim do capítulo, Jesus revela o sentido prático destas duas afirmações básicas em situações da vida real. É preciso lembrar que o que Jesus diz no que se segue não é mais um conjunto de regras que os seguidores de Jesus devem manter religiosamente e legalistamente. Em vez disso, são ilustrações e exemplos do tipo de pessoas que os Seus seguidores devem ser: pessoas verdadeiramente boas e justas nos seus corações.

A Raiz do Problema

Jesus é o revelador do princípio de que a raiz do problema é o problema do coração. Jesus, em primeiro lugar, fala sobre a ira. Jesus disse: “Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’, e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’. Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento.'”

O argumento de Jesus é que o assassinato é o fruto cuja raiz é a ira; o assassinato é o sintoma cuja doença é a ira. E assim, a forma mais eficaz de lidar com este grande mal não é simplesmente abordando-o diretamente, mas tratando-o com sinceridade! Não se lida com a mão que empunha a arma do homicídio. Em vez disso, tratamos com o coração que gera a doença.

Jesus fala igualmente de adultério e traça as suas raízes até ao nível mais profundo. Para Jesus, o adultério é o sintoma de uma doença mais significativa do coração cobiçoso e dos olhos errantes. A verdadeira justiça, a justiça que não é meramente exterior, consiste em lidar com a raiz da luxúria e não apenas com o aparecimento do adultério.

A Dureza do Coração

A seguir, Jesus fala sobre o divórcio. O argumento de Jesus sobre o divórcio aqui é que a certidão de divórcio, que a Lei do Antigo Testamento permitia, era apenas isso – a autorização de divórcio; era uma autorização de divórcio, não um endosso ou incentivo ao divórcio. Em outra passagem dos Evangelhos, Jesus disse que a certidão de divórcio que Moisés deu era necessária e cobiçada justamente por causa da dureza do coração das pessoas.

A dureza de coração dos casais que não podem ser persuadidos a viver juntos, acomodando-se e tolerando as imperfeições e fragilidades um do outro. A chave é lidar com o problema da dureza do coração. E para os seguidores de Jesus, a quem são dados novos corações de carne para substituir os seus corações de pedra, o divórcio não deve ser senão o mais improvável e o mais extremo dos acontecimentos.

Garantindo Falar a Verdade

Jesus, então, fala em fazer juramentos. O argumento de Jesus é que o propósito dos juramentos é encorajar e assegurar que a verdade seja dita. Mas, parte da ironia e do paradoxo de fazer juramentos é que os juramentos, que procuram garantir a verdade, são necessários precisamente devido à tendência humana generalizada de dizer mentiras.

Por exemplo, se eu disser algo a uma pessoa, e se essa pessoa insistir que eu faça um juramento sobre essa declaração, o juramento, sim, garantiria a essa pessoa que a declaração a ser dita é verdadeira. Contudo, o fato desta pessoa insistir em que eu faça o juramento significa que não confia em mim como uma pessoa que diz a verdade.

Portanto, a solução de Jesus aqui é que nós, Seus seguidores, devemos ser pessoas tão íntegras, e conhecidas como tal, que a prestação de juramentos seria completamente desnecessária. Deveríamos ser pessoas cujo “sim” é sim e cujo “não” é não. E as pessoas deveriam nos conhecer assim para poderem dizer de nós: “Se ele disse que é assim, assim tem de ser”. Ou: “Se ela disse que não, então é não”.

A Ideia de Perfeição

Jesus fala então de retaliação citando a lei do Antigo Testamento, “Olho por olho e dente por dente”. Devemos recordar que o que Moisés deu no Antigo Testamento foi um princípio de justiça – a proporcionalidade da justiça.

No tempo de Moisés, as pessoas, frequentemente, iam além da exigência essencial de justiça. O princípio de Moisés – “olho por olho” – não estava estabelecendo um padrão, mas sim um limite. Moisés estava dizendo, no máximo, que deve ser olho por olho, não olhos por olho; dente por dente, não dentes por dente. Assim, Jesus não estava contrariando a lei de Moisés enquanto tal, mas a esticando ainda mais.

Jesus termina o capítulo 5 com o princípio de amar os nossos inimigos. E este amor pelos inimigos é o ideal humano mais elevado, pois é o ideal da perfeição de Deus.


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